quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Que Nos Teria Acontecido?...

("A razão por que a despedida nos dói tanto é porque nossas almas estão ligadas. Talvez sempre assim tenha sido e sempre assim será. Talvez tenhamos vivido mil vidas antes desta e, em cada uma delas, nos encontrámos. Talvez, a cada vez, tenhamos sido forçados a separar-nos pelos mesmos motivos. Isso significa que um adeus é ao mesmo tempo um adeus pelos últimos dez mil anos e um prelúdio do que virá." Citação do livro e do filme - Diário duma Paixão)



Porque razão oculta navegámos no mesmo barco,
fomos próximos, e nos perdemos um do outro????
Porque crime ou maldição cruzámos as mesmas estradas
e esbarrámos entre a multidão sem termos percebido???
Porque procurámos entre os apeadeiros e a estação
o mesmo comboio fantasma que nunca encontrámos????

Teríamos no ímpeto da juventude o discernimento necessário
para nos reconhecermos, iguais que somos,
e sabermos da estranha ternura que nos liga???
Afinal, éramos os mesmos… nos pensamentos e nos anseios!
Agitávamos as mesmas bandeiras
e expelíamos os mesmos sinais de fumo,
legíveis, transparentes, únicos
que, pelos vistos, apenas nós sabemos decifrar.

Ter-nos-íamos amado da mesma forma
entre tachos e fraldas, brigas e ciúmes,
contas e afazeres, suores e defeitos,
ausências e compromissos???
Sobreviríamos eternos ao passar dos anos
em apego absoluto dos nossos sentidos
e na comunhão diária do nosso espírito???

Inspirar-me-ias como me inspiras
feito poema dos meus dias????
Quantas reticências e perguntas...
Quantas palavras perdidas,
quantas meiguices não havidas
sobram ao que fizemos de nós!

Ficaste... ponto distante no meu horizonte...
Algures entre o imaginário e o desejo,
ilha azul e verdejante, entre montanhas, escarpada
na loucura das minhas horas solitárias...

Ficaste... fera ferida, no meu uivo, no meu lamento...
Algures na imensidão da savana
entre a selva da minha alma
e a vulcânica incandescência do meu corpo nu...

Ficaste... pomba branca na negrura do meu pombal...
Algures liberta na vastidão do meu sonho
e voaste águia do ninho fugitiva...

Ficaste... sangue no meu coração acorrentado...
Algures aonde não te encontro mas te sinto,
impossível e cruel silêncio
que nos devora e nos deprime a cada soluço,
a cada sombra que nos julgamos.

Há um sabor a amêndoa amarga
que nos petrifica no tempo
e se mistura à naftalina dos lençóis bordados
que guardámos entre o medo e o absurdo...

Ahhhh!!!... Quantos orgasmos sucessivos
teriam sabido se, neles, saciados,
sujos... húmidos, tivéssemos adormecido!
Quantos filhos de nós teriam nascido
e, como connosco parecidos, nos perpetuariam...
Quase deuses ao Olimpo nos permitiríamos...

Que arrepio, que fúria, que pranto
existe entre nós que nos amámos tanto
e nos perdemos sem nunca nos termos tido...

Que beijo, que abraço, que espasmo
entre nós teria sido...
Que volúpia, que cegueira, que mar
ora calmo, ora tempestivo
nos teria arrebatado e fundido...

Ficámos... incompletos no nosso vazio...
Algures no destino, desconhecendo
o que nos teria acontecido
se, por mero e insano instante,
noutra era, nos tivéssemos reconhecido!


Um Amor Assim...


(Imagem da Net)



Na grandeza do espírito,
sublimado, o meu, sinto
que por teu amor enaltecido
no abstracto é acontecido.
Amas-me, plena, como sou,
tu, que sem nunca me teres conhecido
me conheces e me entendes como ninguém.
E, eu, pássaro aflito,
a ti te amo, ser do meu ser desprendido
que em mim, estás fundido
e te sei, sendo, sem ter sido,
privilégio do imaginário,
minha interioridade e meu conflito,
verdade que não minto
e, a ti, me entrego e me dou.
Sou, para ti alguém
que no pensamento te acompanha
e te traz renascido.
És, para mim, também,
a chama que me bendiz ter nascido
e, em tua luz, inteira, me reflicto.
Sou a tua flor, és o meu jardim...
Triste de quem não viveu um amor, assim!


Do meu livro "Dez Degraus até ao Sol"
in "A Outra Parte de Mim


II.

II.

Deve ter acontecido o mesmo a Adão. Preservado de quaisquer desejos, por muito que Eva flanasse diante dele e os seus cabelos a vestissem pelo tempo de um pensamento, foi necessário imaginar-se outro – igual a Deus – para que o paraíso se desvanecesse e a inquietação se enroscasse para sempre no seu coração.

A mulher a quem abri a porta é o meu irremediável tormento, desde que o espírito ganhou forma.

E, no entanto, bastaria possuí-la para que o encanto se desfizesse. Será que ela sabe isso?

“Pode dizer-me qual é o caminho mais perto para Óbidos?”
O contentamento descontente, a dor que desatina sem doer, o nunca contentar-se de contente, tudo isso e a saudade de alguém que esteve sempre connosco impediram-me de responder-lhe. Vi, mais abaixo, na estrada de terra, um automóvel à espera. A pouco e pouco, o universo reconstruiu-se sem ideal nem esperança. O automóvel buzinou.

“Ouça, não é fácil para quem não conhece esta região. O melhor é ir convosco, para não se perderem.”


quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Capítulo 1

I.


Foi uma mulher que me salvou do Nirvana.

Farto de civilização e incapaz de integrar-me na vida previsível da cidade, fugi para o campo, por uns tempos, até chegar a sentir o “Helas!” de Mallarmé: “La chair est triste, helas! et j'ai lu tous les livres”.

Eu também já tinha lido todos os livros, embora a minha carne estivesse, ai de mim!, antes adormecida do que triste. Cheguei a ter saudades da intimidade do metropolitano e, uma tarde, quando regressava de uma trôpega peregrinação pelas matas vizinhas, ocorreu-me esta intuição fulgurante: estamos condenados a imaginar e só realizamos para imaginar outra coisa.

Não está bem expresso. Tornar real seja o que for é perdê-lo. Só possuímos o que imaginamos.

Era, agora, muito claro por que o campo me parecia tão imprescíndivel, imaginado da cidade, feita de ruas cheias e casas vazias ou vice-versa, conforme a hora do dia. Mas, se realizo o meu desejo e parto para o campo – e estou, agora, realmente, a estalar gravetos debaixo dos meus pés – dou por mim a imaginar-me na cidade e nem sequer reparo na expressão pensativa do bode parado à minha porta.

Ah! Então é isso o Nirvana! O absoluto esvaziamento de todo o imaginário, porque, sem o exercício dessa faculdade, não há desejo e, logo, não há realização. É a extirpação da cauda do Oroborus. A paz, enfim.

No dia seguinte, manhã cedo, aproveitei a passagem de um rebanho à frente da minha casa e concentrei-me no badalar dos seus chocalhos, para expulsar da minha mente todas as ideias, recordações, projectos, receios e esperanças. Só ficou o chocalhar. Depois, quando o rebanho se perdeu ao longe, ficou o silêncio.

De olhos fechados, costas apoiadas à grande bilha de azeitonas, para que a energia pudesse circular livremente, por quanto tempo estive sem desejar..?

E, então, a mão de ferro pendurada à porta esmurrou duas vezes a madeira.


terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Declínio


(Imagem da Net)


Destemperada a besta se solta
em sua demoníaca cavalgada.
Ao vento acena a crina revolta,
arfando da extensa caminhada.

Pretenso garanhão da récua,
precocemente envelhecido,
morre exausto, muito antes da égua,
no seu orgulho de macho ferido.

Pasta manso, o arrogante,
no declínio dos seus garbosos dias
de quixotesco rocinante.

Vã glória! Sem o gozo das loucas orgias,
jaz, da correria alucinante,
inerte de suas pujantes histerias.


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Reencarnação - "Nada Acontece por Acaso"



(Imagem da Net)


Porque "NADA ACONTECE POR ACASO"...

Porque "Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia (como disse o Hamlet de William Shakespeare)...

Porque também acredito na reencarnação, regressão ou migração das almas (como lhe queiram chamar)...

Porque também já me confrontei com o inquietante "Déjà vu", com factos, sonhos, vozes, presenças, momentos e experiências que o testemunham e me levam a crer nas minhas outras vidas passadas...

Trago-vos este filme "Minha Vida na Outra Vida" com Jane Seymour que (embora longo e dobrado em brasileiro e eu o preferisse na língua original), relata a história recente (1993) e verídica de Jenny Cockell (nascida em 1953 na Inglaterra) que revive e reencarna a vida de outra mulher Mary Sutton (fisionomicamente igualzinha a ela), nascida em Malahide (uma pequena aldeia irlandesa), e falecida em 24 de Outubro de 1932.



Veja em:

http://video.google.com/videoplay?docid=8024879465072943702

Para melhor assistir a este vídeo, desligue o som da Rádio Nostalgia, no final da página e, por se tratar de um filme com 1h e 32 m, aumente a imagem para ecrã total, afaste-se um pouco do computador (a uma distância de mais ou menos um metro) e para que não haja paragens mexa o rato de vez em quando.

E, porque também já escrevi sobre o assunto, deixo outro dos meus poemas escrito em 2007 e publicado no meu livro: "Dez Degraus até ao Sol" in "A Outra Parte de Mim...":


REENCARNAÇÃO


Creio na reencarnação
das almas privilegiadas,
espíritos em libertação
em várias fases abençoadas.

Exemplos de vidas anteriores
que em perpétua evolução
transcendem suas dores
em eterna gravitação.

Surgem na voz dos poetas
e pairando entre os mortais,
sublimes, alcançam suas metas.

De finos véus se cobrem, imortais...
E, renascendo como profetas,
celebrizam seres especiais.



quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Outra Manhã de Janeiro


(Imagem da Net)



No prenúncio da tempestade
que o mar fustiga,
cedo, esta manhã, as gaivotas
bailam nos céus de Lisboa
e dos jardins fazem palcos,
alheias ao trânsito e à confusão.
Assemelhando-se a pequenas ilhotas
agrupam-se, no terreno, as bailarinas.

Ei-las... que, num repente,
levantam voo num aceno!
Uma ou outra faz dum candeeiro
o alto mastro da canoa,
atenta no seu posto de observação.
Outras, em contradança,
andam de cá para lá
flutuando graciosas, femininas...

O vento rege a orquestra
e sopra enfurecido,
emprestando à cidade
os sons gélidos da invernia.

Viúvas, carregadas de luto,
choram as nuvens, copiosamente.

Debandam as pobres interinas!...

A este cenário de exílio e de pranto
condoído meu coração
acrescenta o seu lamento,
esfria e se abriga
desta agressivo e deprimente,
infindável mês de Janeiro.




terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Leio nos Teus Silêncios





Leio nos teus silêncios
os inaudíveis gritos de socorro
dum naufrago à deriva.

Leio nos teus silêncios
as longas noites de ânsias carnais
adormecidas em recônditos desejos.

Leio nos teus silêncios
verdades não publicadas
num estranho léxico enclausuradas.

Leio nos teus silêncios
viagens, mapas, mundos,
portos do mar negro da solidão.

Leio nos teus silêncios
o meu barco acostado
na calmaria qu’o impede de içar as velas.

Leio nos teus silêncios
as freudianas guerras que travas
na imperativa lucidez com que me salvas.

Leio nos teus silêncios
reflectidas as minhas mágoas,
isquémias ao nosso sangue roubadas.

Leio nos teus silêncios
o azul infinito do amor,
o maior dos sinais que me devotas.


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

sábado, 17 de janeiro de 2009

Vou...


Foto Montagem de Isabel Branco


Vou...

........................

No cais um cheiro fétido
a cachaça e a urina...

Vou...

...No barco que vai zarpar,
disfarçada de marujo,
trepando ao mastro mais alto,
de olhar travesso e maroto
descortinando o horizonte.

Quando a terra se perder de vista,
clandestina em teu camarote,
marinheiro da minha viagem,
solto os cabelos loiros
da boina suja
e, liberta dos andrajos da faina,
permito que descubras
meu corpo branco
ao toque das tuas mãos possantes.

Ébrios de prazer e de mar,
dançaremos ao luar,
no vai vem das ondas
até ao amanhecer.

Vou...

Irei até onde me leva
a perdição do teu olhar...



sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Saudade


(Foto da Net)



Hoje, não pintei o sol no horizonte.
Apenas deixei uma mancha
esborratada em seu lugar.
Aprisionei os pássaros
e não os deixei voar.
Apaguei o sorriso.
E, melancólica,
pardacenta,
uma falta,
somente,
senti:
TU!



Para ti, Mamã

Um prémio para a melhor Mãe do mundo:

TU... a nossa mamã!

Um beijinho das tuas Anas:

Pi e Cat





Hoje, recebi este miminho das minhas filhotas e "babei" de orgulho.
Para ambas, um enorme beijinho e todo o meu amor.


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Nua... Minha Alma


- Dois corpos numa alma -


Nua... transparente,
azul e serena
minha alma
na tua se espelha
e flutua indolente
entre nossos corpos
abraçados,
sedentos de viver.

Nua... apaixonada,
vermelha e quente
minha alma
se inflama
e se vê na tua cama
entre nossos corpos
lânguidos,
prostrados de prazer.

Nua... una, tua
branca e submissa
minha alma
em ti se abandona,
se clarifica
e, entre nossos corpos,
à tua se unifica
num eterno acontecer.


Este Mar...


(Imagem da Net)



O Mare e Tu - Andrea Bocelli e Dulce Pontes
(Para ouvir melhor este video baixe ou desligue o som
da Rádio Nostalgia no final da página)


Este mar ... espectacular
que se espraia gigante
mais que mar a navegar
é um poema brilhante!!!!

Este mar...quimera
que brutal me fascina
mais que o sonho que gera
é o prazer que me origina.

Este mar... imensidão
que azul me rodeia
mais que tela da imaginação

é a força que me norteia,
mais que infinito e paixão
é meu Absoluto e minha cheia.



segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Como?

Como é possível amar o interior
Fechar os olhos à fulgurante aparência,
Como se já desfeitas em fumo, as formas
crepitassem apenas na fogueira da manhã?



sábado, 10 de janeiro de 2009

Em Asas de Côr





Mistério larva
que lagarta
em fios de seda
borboleteia
e o casulo descarta
descuidada...

No cais da vida
se aventura
e, em asas de côr,
condenada
volteia...volteia...

Ó infâmia...
ó vil tortura...

Em surdo silêncio
a paciente
e negra aranha
lhe tece a teia.


sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Cai neve...em Selhariz










Bom dia,


hoje por volta das 9h começou a nevar....docemente
até que a aldeia, cobriu-se sob um manto branco...
em anexo, seguem algumas fotos, testemunho da grande beleza paisagísica...
mas, gélida!...

Em Selhariz - Vidago (concelho Chaves)

Melhores cumprimentos,

Helena Nogueira


quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Música Sinto...


(Imagem da Net)


Música sinto nas asas do vento,
cavalo alado do meu pensamento,
no desprevenido e alegre gorjear
da passarada ao fim da tarde,
na gargalhada sã da voz amada,
na algazarra da pequenada,
no furioso bramir do mar -
âmago do meu ser e do meu estar.

Música sinto no gemer duma guitarra,
piano e palco doutra alvorada,
no agudo estridular dos grilos
e da cigarra na vastidão da ceara,
na harmoniosa sinfonia
entre os sentidos e a alma,
nos sons do silêncio e da melodia
ao ritmo ondulante da folhagem.

Música sinto no chocalhar dos búzios,
no beijo d'água da cascata azulada,
no pulsar dum pequenino coração,
vida, no ventre materno,
na lágrima chorada, lamentação...
na pétala solta duma flor,
no rufar guerreiro e selvagem
dum africano e longínquo tambor.

Música sinto ao crepitar da fogueira,
paixão que no peito me arde,
no sol que adormece no horizonte,
na gaivota companheira de viagem...
Sinto-a...assim... à minha maneira,
em colcheias semifusas,
nas claves dum dó...ré...mi...
sustenido por loucas musas!


Um Miminho da Lili




Eu!!!! Em cartaz... sob as Luzes da Ribalta,
numa qualquer rua de qualquer cidade...
num miminho da Lili.

Obrigada minha amiga e um beijinho.



Danço


Tango Argentino (Imagem da Net)



Danço a dança que me anima,
bailo frenética e divertida.
Afinal, é dançando que a vida
com a poesia faz rima.

Danço a compasso e com jeito
ao ritmo que o tempo impõe.
Afinal, é dançando que o respeito
à contradança se repõe.

Danço... porque não sei dançar,
senão a dança que danço!
Afinal, é dançando que amar
faz sentido e amor alcanço.



quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Tenho Andado




Uma bela surpresa este miminho,
que há pouco, recebi da Melanie,
que assim deu vida a outro dos meus poemas.


Adorei.


Um beijinho, querida amiga.


terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Remoçar





Espelho-me no fulgor
dos meus dourados quinze anos
e uma energia renovada
invade meu espírito de côr.

Talvez, para os mais cépticos,
seja uma perfeita idiotice
porém, depois de tantos desenganos,
sentir-me fogueira exorcizada,
pétala de seda, rubra flor,
mais que romper conceitos éticos
é reacreditar na chama do amor.

Irreparáveis que são os danos
chegadas as rugas da velhice,
aos nossos rostos decrépitos
transparece uma luz envergonhada
e, no agitar dos nossos panos,
a vida que tivemos desperdiçada
remoça em esgares poéticos
aos crédulos tempos da meninice.



segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Prémio DARDOS



Recebi de OUTONO do Pretexto - Clássico
http://pretexto-classico.blogspot.com/ ,
este prémio que me deixa muito honrada e feliz!
O reconhecimento e a passagem de testemunho
do que mais gosto de fazer, ou seja escrever,
é, neste início de ano, um incentivo à continuidade
e um estímulo à partilha das emoções
que as palavras nos proporcionam.

Um prémio ainda que virtual
(que melhor palco para o aplauso que o mundo inteiro),
para além de bem vindo,
é um elo que liga quem o dá e quem o recebe
e fonte de orgulho que, pessoalmente, farei por merecer.

Segundo as regras, este miminho deve ser editado e partilhado.
Partilho-o com TODOS os que passarem por este blog e,
que de alguma forma, se sintam tocados pelo afago da poesia.

Ao meu amigo OUTONO,
(parabéns pelo esplêndido trabalho que tem vindo a desenvolver
e pelo poeta que é)
- um muito obrigada e um beijinho.

Novata que sou nesta coisa de Blogs,
mas pelo que me foi dado aprender
e valorizar no meu crescimento pessoal ,
pela criatividade, qualidade e transmissão de valores culturais,
pela amizade e confraternização entre pessoas e sentires,
decidi então reparti-lo com:

Paulo Viana - http://paulovianabezerra.blogspot.com/



domingo, 4 de janeiro de 2009

Fim de Ano em Paris


(Postal antigo de Paris - Imagem da Net)


Finais do mês de Dezembro,
dum ano qualquer já distante.
Subindo os imponentes Pirinéus,
escandalosamente brancos
do nevão intenso que os cobria,
ainda hoje, me lembro
da minha alma confiante
admirando os vastos e claros céus
que de azuis se reflectiam nos flancos
das encostas, ao frio que fazia.

Nos cambiantes de gloriosa luz,
sem a tua amada presença,
teu olhar risonho ressurgia,
com o gelo que nele reluz
como jamais poderei esquecer,
no beijo que, numa crença,
a boca sedenta calorosamente pedia
para nesse Inverno me aquecer.

Na brutalidade gelada, em Paz de La Casa,
em Andorra, só, mas serena,
nessa noite, cansada adormecia.
Estávamos em países distantes,
mas o sonho tinha asa
e, em teu peito, amena,
minha saudade dormia
no doce conforto dos amantes.

Estrada de Brive...
Finalmente Paris...
Outra noite acontecia.
Passagem de ano e, que encanto,
que deslumbramento tive:
o luxo, a côr, as sedas, as peles, o verniz,
em cascatas luminosas se viam
pelas ruas, em qualquer canto.

E, no entanto, eu, sozinha,
vendo a multidão divertida,
dentro do carro comemorei
as badaladas da meia-noite em festa.
Imaginei-me, a teu lado, quentinha,
por teus braços aquecida
e, nesse deleite me abandonei.
E, esta... é a lembrança que, de Paris, me resta.




(Para melhor ouvir este video, baixe,
ou desligue o som da Rádio Nostalgia, no final da página)