terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Este Natal





Andam os tempos difíceis
entre a crise e a falta de esperança.
Foi-se embora o espírito natalício
consumido entre o brilho das luzes,
que escassas bruxuleiam nas avenidas,
e o desencanto da intempérie
que inflexível o vergasta.

Andam as promessas incumpridas
de amores verdadeiros, duradoiros
de centelhas amarelecidas
ao pó dos anos e amarguras.
Os sonhos dourados, imorredoiros,
esfumam-se num grito, em série,
igual ao passageiro voar dos dias.

Da magia do Natal não vê indício
a adormecida e loira criança
que, inconformada, em mim ainda habita.
Pinto-o a azul nos meus pincéis
mas esborrata-se em formas indefinidas
o Menino Jesus que, de tal presépio,
tristonho, envergonhado se agasta!