quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A África o Natal Chega...


(Imagem da Net em Moldura de Isabel Branco)


A África e a todo o seu povo sofredor
que embala no regaço a dor
dos filhos famintos
das minas e do desamor,
o Natal chega num grito calado
no peito apertado,
no estampido da guerrilha,
no silêncio das estrelas
que brilham no olhar doído das crianças.

A África, o Natal chega
no peito ressequido
das mães que amamentam
a terra árida que lhes suga a alma
e lhes mata os filhos remelosos
que a fome e a morte assombram,
pasto de moscas e doença
e que, ainda assim, sorriem
num sorriso triste e rasgado.

A África, o Natal chega,
paradisíaca e selvática imensidão
com o deserto na voz
que incessante chama por nós
na secura do tempo,
na pele engelhada dos seus avós,
no preconceito, na escravidão,
nas grilhetas, no drama,
na ausência da chuva, na desolação...

A África e ao seu povo esquecido,
o Natal chega com o calor,
a cada ano esperançado
na mudança de mentalidades,
na grandeza das suas potencialidades
que as politicas dilaceram
e os gananciosos exploram.
Chega promessa no calendário
e, num feitiço, vai embora...


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