quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Outro Sol, Outra Idade...


(Imagem da Net)


Ao barulhar colorido das missangas
um sol, cor de sangue,
reflecte-se no fruto doce das quitandas.
E o cheiro... aquele cheiro,
como outro não há igual,
que, depois da chuvada,
se desprende dos cafezais
exala-se no ar, em bênção renovada...

Na lânguida preguiça do sisal
enraíza-se a garra, a intensidade...
Ah! Lá longe, uma queimada,
que o velho embondeiro
solitário observa...

O capim em cinzas derrubado
estruma o pasto
e o incómodo maribondo,
fugido do alto enxame,
persegue o gado,
e zumbe, zumbe desnorteado...

À sombra dum ressequido cajueiro
adormecem os oiros da tarde
entre os azuis poentes de fogo
e solta-se um verso de saudade
do que a memória ainda preserva
doutro tempo, doutra idade...


2 comentários:

Anónimo disse...

Todos nós guardamos na memória os tempos em que em África crescemos felizes.Com os mesmo olhos ainda conseguimos FELIZMENTE...ver e relembrar...sim porque tem coisas que a nossa memória nunca mais as apaga. A idade já é outra,mas não interessa..o que interessa é que esse passado me leva a ter a mesma idade, sinto como se fosse hoje..agora e será sempre.
Adorei "OUTRO SOL,OUTRA IDADE..."
Bjo

Isabel Branco disse...

Melanie

Como se cada instante ficasse dentro de nós e se soltasse em cada recordar...como nunca tivessemos crescido... como se cada sol fosse uma promessa do sol que nunca deverámos ter perdido...
Beijinho,