
(Imagem da Net)
Este amor
de Pedro por Inês,
ao contrário,
tantas fez
que me desfez.
Encerradas num armário
as cartas a que limpo o pó
uma vez
por mês
e, na laje fria,
exangue,
tombada
a memória.
Das reais montarias e caçadas
relicário
ao abandono
das furtivas investidas,
meu reino
já não pisas.
Extraordinário!...
Assinei em proclame:
Eu, Inês
te nego o coração
ó Pedro,
rei e senhor meu,
deposto,
por ti próprio
assassinado.
Em meu trono
que não amaste
nem depois de morto
jamais te quero!...
Da traição
não me livraste!
De esbirros me cercaste!
Esvai-te!...
Em teu próprio sangue
que a mim não me mataste,
nem me iludes
em tua sedução!
Eu, rainha, Inês,
para meu sossego,
te renego,
ó Pedro,
e mesmo morto
no meu reino
não te quero,
nem te confio reinação!
Isabel Branco
in "40 Anos Depois..."
de Dez Degraus até ao Sol