quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Às Vezes...





Às vezes, canso-me das pessoas e do mundo,
das angústias, dos pontos sem is e até de mim...
Ausento-me da confusão e balbúrdia que me rodeia,
escondo-me na concha dos meus anseios,
mar de vastidão na agonia dum suspiro!
Na bipolaridade das inquietações,
sento-me, leio, medito e viajo
na aragem dum qualquer jardim,
no silêncio onde navego e me afundo,
âncora das horas malditas que calo
escrevendo na memória pedaços do festim
que os abutres devoram... sem intenções!

Às vezes, rio-me das pessoas e do mundo,
da falsa ilusão a que cada um se agarra e, assim...
cada vento é a tempestade que se semeia,
liberto-me das amarras, dos fins e dos meios
das ampulhetas, dos punhais com que me firo.
Solto no sorriso o vendaval de emoções,
abro as portas que fui fechando e ajo
tocando a flauta, ecoando o clarim,
anunciando o quanto de puro ou imundo
pode o pensamento que não falo.
Sem medos, sem vergonha, sem fim
renasço nas cinzas dos meus vulcões!

Isabel Branco

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