terça-feira, 7 de julho de 2009

METAFORICA(MENTE)


(Fado - Serigrafia de Júlio Pomar)


Esgotada... até à última gota,
sorvida de cristalino cálice
a metáfora em dó redunda
ao ritmo grotesco dum tambor.
Veste saias de lascívia
em despropositado despudor
na dança do faz de conta.

Rodopia em redondilha
suja os pés em caustica lixívia
e estonteada a pobre até rima.
A desértica planície do seu pranto
na voz ardente dum cantor
faz bela figura e tem estilo
e à rufia vira fado, num ápice.

Em crescente apoteose
sobe aos palcos a maltrapilha.
Ovacionada, erecta, lígia,
na antecâmara da morte,
prosopopeia se afirma.
Ingere finalmente a overdose
e o público espantado... delira!


4 comentários:

Paula Raposo disse...

Gostei deste tom jocoso. Beijos.

Isabel Branco disse...

Paula

Dá-me prazer brincar com o sério e com a ironia.

Um beijinho.

Argos disse...

Gostei da forma como "brincou" com as palavras e a escolha da serigrafia foi cinco estrelas!

Abraço

Isabel Branco disse...

Argos

No fundo a palavra completa a imagem e vice versa e ambas contam a história que quizermos imaginar.

Um beijinho.