domingo, 25 de março de 2012

Sementes do Nada



Semearam o trigo em abril de alvoroço.
Colhemos o joio nos nacos de miséria
servidos todos os dias ao almoço
em bandejas repletas de fome séria.


Nos prados floridos da primavera
murcham os cravos tombados.
Nada alcança a gente que espera
senão direitos e subsídios usurpados.


E o vento ... uivando nas searas vazias,
enrolando o feno seco dos sem razão,
embala-nos manso em toadas e poesias,
a nós, mendigos do luso e pátrio chão.


Isabel Branco