Estou cansada...
De tanto querer que me oiças,
de tanto imaginar que me queiras ouvir,
de tanto silêncio ao meu redor...
Ai!...Esta brisa que me chega
trazendo-me das ilhas a promessa de chuva,
a lágrima roliça,
a alga escorregadia...
Ai!... Esta musica que o eco repete
e o mar embala em areia e espuma
entre as rochas e o mistério...
Estou cansada...
De tanto te querer,
de tanto esperar que me queiras,
de tanto beber a tua ausência...
Ai!...Esta voz que me segreda
trazendo-me das montanhas o grito
da tua alma condenada
a tanta vida solitária...
Ai!...Esta saudade que nos envolve
trazendo-me do planalto a infância
nos cheiros da terra
e no mágico desabrochar duma flor...
Estou cansada...
De tanto, por nenhum de nós dois apaziguada,
de tanto chorar-te calada,
de tanto sofrimento e injustiça...
Ai!...Esta gaivota que me acena
trazendo-me o adeus anunciado,
bálsamo de tantos anos perdidos
num compasso de esperas e desesperos...
Ai!...Esta canseira que me cansa
trazendo-me de mim ,
de ti, de nós, exausta
qual giesta mortiça,
qual orquídea adormecida...
Estou cansada...
De tanto te repetir o que sinto
de tanto desamor por troca,
de tanto... que tanto a mim própria minto.
Isabel Branco
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