quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Embondeiro





Menino de cabelos loiros
plantaste no meu coração
uma semente de embondeiro,
um amor centenário...

Cresceu para teu abrigo
uma árvore colossal,
Nela, sedento, mitigas a sede,
repousas e partes...

É a tua sombra!
Teu sangue, tua fonte...
Tua terra, teu chão...
Teu eterno companheiro...

E, no entanto, de braços abertos,
o triste e velho embondeiro
todos os dias assiste solitário
ao sol que nasce e morre
cobrindo de oiros
o trágico azul do horizonte...

Num silêncio derradeiro
morre devagar... morre
esquecido e vertical,
teu ardor primeiro,
teu santuário e jazigo
d'amantes secretos...


Isabel Branco

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