quinta-feira, 4 de abril de 2013

Rasguei...




Rasguei todas as cartas que te escrevi,
amarelecidas cópias das que te enviei
e aquelas que nunca leste
e na gaveta guardei!
Destrui  todas as fotografias
que me ligavam a ti.
Memórias que já esqueceste,
tristezas, ânsias e alegrias
uma a uma...queimei.
Apaguei as nossas mensagens,
o teu rosto do computador deletei
e teu nome do meu dicionário risquei...!
No porão da alma,
arrumei as emoções que senti...
Mas...a  tua existência, porém,
não se me desapega do pensamento!
Quis esquecer o amor,
apagar de vez a dor...
dar, à vida que me resta, outra cor!
Foge-me o tempo...
entre páginas de vento
e murmúrios de mar!
Foge-me a lágrima furtiva
entre saudade e desenganos
no silêncio de tantos anos.
Foge-me o sonho, o momento
entre livros ...Ah! Os livros...
que escrevi  para te lembrar
o quanto te amei...
e que...da minha alma,
incólume, jamais te rasgarei,
ainda que me fujas tu também
e a minha voz te pareça agora
um breve, muito breve
e passageiro lamento.


Isabel Branco


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