sábado, 19 de junho de 2010

Até sempre Saramago


Um até sempre Saramago


Retrato do poeta quando jovem


Há na memória um rio onde navegam
Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
Sobre as águas as folhas recurvadas.

Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Ondas brancas se afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada.

Há um nascer do sol no sítio exacto,
À hora que mais conta duma vida,
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um ansiar de sede inextinguida.

Há um retrato de água e de quebranto
Que do fundo rompeu desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato a velha história.

José Saramago


3 comentários:

O Profeta disse...

Esta ilha não tem fortuna
Trocou-a por um curioso mistério
Este irreal e intenso verde
Que inunda o olhar mais sério

Nesta ilha há um beijo na tua procura
Nesta ilha as pedras não têm idade
Nesta ilha as juras são lançadas à maresia
Nesta ilha o sonho é janela da verdade

Doce beijo

Isabel Branco disse...

Obrigada Vejablog
Agradeço fazer parte desta selecçao, mais uma vez.
Assim, a gente cresce.

Um beijinho

Isabel Branco disse...

Profeta

Que belas e poéticas as palavras
ao ritmo do coração.

Um beijinho