sábado, 12 de janeiro de 2013

Chamem-me louca...



Chamem-me perdida... 
Chamem-me louca... 

Meu grito não me cabe na garganta 
sangra-me, cá do fundo das entranhas... 
Sem regresso, sem partida 
solto os cabelos aos caprichos do vento, 
abro os braços, além das montanhas, 
sorvo a força do momento 
e toco a areia húmida da nossa praia 
num meigo deslizar dos dedos! 
Dispo-me da dor e da roupa 
num rasgar de sonhos e segredos... 

Chamem-me alucinada... 
Chamem-me louca... 

Só teu nome grito 
neste abecedário aflito 
que invento e reinvento 
e, letra por letra, soletro 
na voz dos meus versos calada, 
nas nuvens que me embaciam o olhar 
ao teu ser absoluto e concreto, 
Amor... que foste o primeiro 
e, no meu peito, te aninhaste derradeiro... 

Chamem-me estranha... 
Chamem-me louca...


Isabel Branco


Sem comentários: