sábado, 3 de dezembro de 2011

Deixei-te além...




Deixei-te além...
Onde as espinheiras me feriram
no âmago da selva,
na esperança dum rio serpente,
na saudade argilosa
dum cheiro inesquecível...

Deixei-te além...
Onde as flores desabrocham
entre os píncaros das montanhas
na visão dum sol poente
sobre as nuvens de algodão
duma ilha maravilhosa...

Deixei-te além...
Onde criança te encontrei
entre os búzios e as conchas,
naquela praia irreverente,
no tempo da memória
dum sorriso inextinguível...

Deixei-te além...
Onde o abraço se descruza
num último adeus que se acena...
No beijo em nossas bocas latente,
algures num tempo perdido,
sonho e asa de mariposa...

Deixei-te além...
Onde a dor se desprende
de meus olhos chuvosa
nesse barco dolente
(alma minha desvairada),
num silêncio inconcebível...

Isabel Branco



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